quarta-feira, 12 de março de 2014

Dizem: "Deus se importa com relacionamentos, não com regras"

Há várias razões para existir um verso como este na Bíblia: “os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”, At 17:11. Primeiro, para honrar quem merece honra. Segundo, para mostrar a importância de sermos exatos em nosso entendimento das Escrituras. Terceiro, para confrontar a geração cristã na qual vivemos. Não são poucas as mentiras que os cristãos acreditam, pensando ingenuamente que é exatamente o que as Escrituras ensinam. Por exemplo, muitos acreditam que Deus ama tanto o ser humano que não existe nada mais importante para Ele, nem mesmo a sua glória. Ou que não há mínima diferença entre roubar R$ 0,25 centavos e matar um homem ou entre mentir e explodir um carro bomba, deixando inúmeras vítimas fatais (escrevi um texto chamado A grande mentira: todos pecados são iguais para combater esse falso ensino).  A verdade é que muitos cristãos não são nobres, porque não somente não examinam todos os dias as Escrituras como não a conhecem bem. E, segundo Jesus, esse é um grande erro (Mt 22:29).

Uma dessas supostas “verdades” tem me incomodado bastante. Você já deve tê-la ouvido. Ou, bem pior, já deve acreditar nela como se fosse uma confiável e sensata revelação divina. “Afinal”, eles dizem, “para Deus o que importa é o amor”. A crença é que Deus não está interessado em regras, mas em relacionamentos. No entanto, o mais apropriado a ser dito seria: Deus se importa com suas regras, seus mandamentos, porque Ele é santo e porque se importa com as pessoas. Porém, cristãos, em número cada vez mais crescente, valorizam “relacionamentos” acima da verdade. E isso é um grande problema. Por quê? Porque não temos como nos relacionar adequadamente com Deus sem colocar a verdade da sua Palavra acima das pessoas, das coisas, dos nossos desejos e sonhos, do mundo. Kevin DeYoung, um influente jovem pastor americano, escreveu acertadamente: “Soa bastante espiritual dizer que Deus está interessado em relacionamentos, não em regras. Mas isso não é bíblico. Do início ao fim, a Bíblia está repleta de mandamentos. Eles não visam sufocar o relacionamento com Deus, mas sim protegê-lo, selá-lo e defini-lo”[1].

Muitos cristãos, ou convencidos, acham que tem um relacionamento com Deus real, mas acreditar nunca foi uma evidência que afastasse qualquer dúvida. São muito mais parecidos com os “crentes” de Creta, que foram exortados pelas seguintes palavras de Paulo: “Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra”, Tt 1:16. Crer é um passo importante, mas uma fé de palavras não é uma evidência apropriada para Deus, nem mesmo sob uma roupagem de relacionamento. A verdade é outra. João escreveu que aqueles que realmente conhecem a Deus o obedecem. “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos”, (1 Jo 2:3). E Jesus Cristo nos alerta também para o fato de que amá-lo significa obedecê-lo. “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra”, ( Jo 14:23). Ou em outras palavras: “quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama”, (Jo 14:21). Mas Jesus de forma ainda mais dura, diz: “Nem todo que aquele que diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal”, (Mt 7:21-23). São palavras brutalmente duras, mas verdadeiras. Nada adianta profetizar, expulsar demônios ou fazer milagres, porque a verdadeira prova que amamos a Deus e somos realmente cristãos é se obedecemos à vontade do “Pai que está nos céus”.

Portanto, nada adianta ficar falando do seu amor por Jesus se você não o obedece. Precisamos rejeitar essas mentiras que parecem ser verdades, porque Deus, de fato, se importa com a nossa obediência acima de relacionamentos. Aliás, amar a Deus e o próximo são o maior e segundo mandamento (Dt 6:5, Lv 19:18 e Mt 22:37-40). Sei que somos pecadores e pecaremos até o nosso último respirar (1 Jo 1:8-10), mas a nossa vida deve ser marcada por santidade e obediência, arrependimento e um coração contrito à uma vida manchada, desorganizada, quebrada pelo pecado. No fim, o que importa não é dizer que o amamos, mas obedecê-lo em tudo como evidência de um amor verdadeiro.

Por Jesus, por seu Reino

[1] Essa citação vem do livro de Kevin DeYoung chamado “Brecha em nossa santidade”, pág. 66, da Editora Fiel. Livro fantástico. Vale muito a pena. Se você puder ler apenas um livro esse ano, leia esse livro.




Fonte: Evangelho Urbano
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