domingo, 13 de outubro de 2013

A teologia do “nada a ver”

“O ideal cristão não foi testado e reprovado. Ele foi considerado difícil e por isso permaneceu sem ser experimentado.” G.K. Chesterton

Sou daqueles garotos das antigas, sabe, aquele que curte ficar em casa com os pais, não gosta de ficar na rua até muito tarde, meio antiquado. Quando ouço meus pais falarem sobre como a era juventude deles, me dá uma certa nostalgia… apesar de se quer ter vivido aquilo que eles descrevem. Eu penso nos conceitos que estavam por trás daquilo tudo, dos costumes. Por exemplo: pedir permissão do pai pra namorar, namorar na presença dos pais, voltar para casa num horário adequado. Se quer cogitar coisas do tipo hoje em dia é quase uma heresia. Coisa de velho mesmo…

Mas… por outro lado, ouço os relatos de jovens que ficam preocupados de estarem grávidas. Não estou falando de jovens ateus. Estou falando de jovens cristãos. Cristãos. Mesmo. Só eu que fiquei chocado com isso? Minha pergunta nessa história toda não foi sobre o porquê não usou camisinha nem nada do tipo… a pergunta foi: como é que uma ordenança bíblica explícita se tornou algo tão corriqueiro ao ponto de a única preocupação ser a gravidez? Ou melhor… a famosa frase do “eu sei que estou errado, mas, sabe, Deus perdoa e o que importa é o coração… certo?”

Errado.

Sempre aprendi coisas do tipo: não se deve se permitir estar sozinho com a sua namorada num ambiente longe de todos. A regra não era “não pode fechar a porta do quarto” ou “quando vocês estiverem sozinhos em casa sem mais ninguém, nada de sair da sala, ok?”. Aliás, a regra se quer era uma regra. Era um conceito. “Abstende-vos de toda a aparência do mal.” (1 Ts 5.22) Como cristão, o alvo final não é apenas não pecar, mas fazer tudo que for possível para que eu não peque. Então, se eu me permito ficar deitado na cama de baixo de um cobertor com meu namorado sem blusa ou calça às duas da manhã enquanto nos acariciamos com a luz apagada… não tenho o mínimo direito de dizer que “a tentação sexual é forte demais e eu não consigo”. Provérbios fala (em relação à mulher adúltera) que não devemos se quer passar na rua na qual ela mora. Me perdoe a descrição detalhada, mas já ouvi relatos desse tipo. Mas por quê tentar esconder tais vontades se Deus me deu elas? Bem, leia Romanos onde Paulo fala sobre aqueles que “Deus entregou às suas paixões”.

Esse exemplo da vida sexual é apenas uma síndrome de uma condição maior. Escolhi falar sobre esta porque é uma das mais frequentes. O cristão de hoje é igual a todos as outras pessoas, menos os cristãos! Basta dar uma olhada nas páginas de facebook de tantos que você verá as fotos em festas regadas a bebidas, meninas com roupas das mais decotadas possíveis, palavrões a rodo, “curtindo” os vídeos mais indecentes possíveis. Tudo isso sob o pretexto de “mas o que importa é o coração. Só Deus pode me julgar!”. Não estou julgando. Estou apenas comparando as ações vistas com o que a Bíblia diz. Se você se sente julgado, bem, é… sinto muito, mas o problema não sou eu.

Vivemos a teologia do “nada a ver”. Não estou falando de uma série de regras e costumes que deveriam reger a vida de um discípulo de Cristo. Estou falando sobre o conceitos e princípios cuja manifestação é aquilo que tantos enxergam como “regras ultrapassadas”. Não há mais a preocupação com a escandalização de um irmão ou a aparência do mal. A nova regra é “como Deus vê o meu coração”. Bem… se o que a sua Bíblia diz não lhe causa nenhum constrangimento, então me empreste, por favor… porque a minha é difícil demais de seguir plenamente.

O cristão hoje não vive mais como cristão. Não estou falando da aparência no que se refere ao comprimento da saia, por exemplo. Estou falando sobre uma renovação de coração e de vida que leva o crente a viver de modo que ele se destaque e seja luz em meio às trevas. Cadê o sal para dar gosto? Cadê a luz? Se perderam na teologia do “nada a ver”. Não há mais preocupação em servir à Palavra de Deus, mas sim de trabalhar a Bíblia de tal maneira que ela atenda a todas as minhas vontades. Nunca vi uma Bíblia dessas, mas imagino que seja bem fininha, faltando um monte de texto.

Não quero ser legalista nem acusador. Eu apenas anseio por um povo que vive, pensa e ama como Cristo amou para que o nome d’Ele seja glorificado da maneira que merece.




Fonte: Blog do Andrew
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