sábado, 16 de fevereiro de 2013

Teologia para vomitar

Não faz muito tempo que eu vomitei em um lugar público. Na frente de uma senhora. Ela é membro da nossa igreja. Bum!

Às vezes é mais fácil, para mim, filtrar através da teologia bíblica as grandes crises da vida do que as inconveniências menores e os embaraços corriqueiros. Por exemplo, se alguém rouba meu carro, eu penso “Deus é soberano e há de prover”. Quando minha família sofre, eu penso “Deus é bom e está fazendo algo aqui”. Minha teologia me orienta nas circunstâncias, como há de ser. Mas se eu perco as chaves do carro, caio ao descer uma escada (em público, claro), derramo meu café da Starbucks ou vomito na frente de um membro da igreja, minha teologia normalmente evapora e eu fico apenas envergonhado, frustrado, ou reclamando.

Reagindo sem responder

Esses pequenos momentos se tornaram oportunidade para uma grande falha na minha teologia, o que me leva a reagir nessas circunstâncias sem responder propriamente ao Deus que orquestrou esses próprios momentos na minha vida. E isso não é um problema pequeno. Isso significa que eu ajo mais como cristão quando há uma crise, mas como um ateu quando as perturbações mais comuns acontecem. Talvez o impacto de cada um desses momentos seja dramaticamente diferente, mas, com o passar do tempo, o acúmulo das minhas respostas ateístas às frustrações menores da vida leva a uma deformação da minha vida perante Deus.

Como Deus seria muito mais glorificado se eu respondesse a ele em meio aos meus tão comuns tropeços ao invés de reagir cegamente às próprias circunstâncias. Quanta paz e felicidade eu experimentaria na vida se eu permitisse que minha teologia se aprofundasse tanto em mim que eu pudesse verdadeiramente enxergar todas as coisas trabalhando juntas para o meu bem e a glória de Deus?

A cada dia, todo dia

Deus estava me mostrando tudo isso durante a semana passada, quando estava atravessando um caminho cheio de provações triviais. Nada muito grande, apenas um apanhado de coisas pequenas “dando errado”. Ficou claro pra mim que eu precisava enfrentar essa descontinuidade entre a minha teologia e a minha experiência. Eu precisava não apenas entender, mas realmente experimentar que esse é o dia que o Senhor fez para mim. E ele o fez para que eu me aproxime dele, aprenda a ser humilde com ele, dependa dele e reflita sua beleza nas minhas reações em tudo que eu enfrentar.

Eu precisava não apenas entender, mas realmente experimentar que esse é o dia que o Senhor fez para mim.

Talvez você já tenha experimentado isso também. Eu tenho encarado esse problema das seguintes formas:

1. Pregando a mim mesmo

O que tem se mostrado mais eficiente para construir uma conexão real entre a minha doutrina e a minha vida é passar tempo com as Escrituras durante a manhã, descobrindo a verdade de Deus em alguma passagem, e então pregar essa verdade a mim mesmo. Esse “sermão” é algo que eu carrego comigo durante o dia todo, e é sempre maravilhoso o quão relevante essas verdades são para o que eu e outros estamos passando durante aquele dia ou aquela semana.

2. Bons livros

Também tenho encontrado muita ajuda em livros e sermões. Por exemplo, Vital Godliness (Piedade Vital), de William Plumer, Santidade, de J. C. Ryle, e Quest for Meekness and Quietness of Spirit (Busca por humildade e quietude de espírito), de Matthew Henry, são alguns dos livros usados por Deus para o meu crescimento nessa área.

3. Bons exemplos

Finalmente, eu preciso me espelhar no crescimento de outras pessoas. Preciso prestar atenção nas palavras de meus irmãos e irmãs em Cristo para ver como eles têm experimentado Deus nos detalhes da vida. Sou grato por amigos, pastores e pessoas piedosas que fazem parte da minha igreja. Neles eu vejo Deus agindo e eu sei que estão encontrando o Senhor nas grandes e nas pequenas coisas.



Tradução: Filipe Schulz no iPródigo
Fonte: Joe Thorn em the resurgence
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