sábado, 7 de julho de 2012

De padeira a evangélico, venezuelanos disputam eleições presidenciais

O presidente Hugo Chávez deu início à campanha pela reeleição com uma caravana no Estado de Carabobo

Cinco candidatos presidenciais, entre eles uma padeira e um evangélico, aparecem neste domingo na arena política da Venezuela, quando começa a campanha eleitoral na Venezuela, dispostos a sair do anonimato e disputar a batalha política contra os principais candidatos, o líder Hugo Chávez e ao candidato opositor, Henrique Capriles.

Nem a polarização nem a escassez de recursos conseguiram frear as aspirações políticas desses cinco venezuelanos para as eleições de 7 de outubro deste ano. Eles propõem desde uma distribuição dos excedentes de petróleo mediante bônus pessoais de US$ 1 milhão até um retorno à essência do projeto bolivariano.

Uma das aspirantes é María Bolívar, 37 anos, proprietária da padaria Mayami e líder do Partido Democrático Unidos pela Paz e a Liberdade (PDUPL). Comerciante e mãe de dois filhos, ela se define como uma mulher "de pouco falar e muito fazer" e diz ter certeza de que vai conseguir mais votos do que Chávez, que busca sua terceira reeleição consecutiva, e que Capriles, advogado de 39 anos e ex-governador do Estado de Miranda.

"Serei a primeira mulher presidente da Venezuela, tenho certeza. Confio em minha pessoa e lutei muitíssimo", assinalou a candidata do Estado de Zulia, que reconhece ter apoiado o atual líder por "muitíssimo anos". Apostando em uma mudança para combater uma "pobreza horrível e uma insegurança demais terrível também", Bolívar espera dar moradia aos mais necessitados e ganhar a batalha contra a violência "com muito respeito e muito amor".

Institucionalizar a República Cristã da Venezuela é, por outro lado, a prioridade de Luis Reyes, candidato pelo partido ORA (Organização Renovadora Autêntica), que aposta em um país "cimentado no amor, na paz, na fé e na esperança". "Anexo a Bíblia ao programa porque ela é a fonte que dá vida ao projeto de governo que nós, cristãos praticantes, temos", declarou Reyes à Agência Efe.

Evangélico de 51 anos, ex-funcionário público, ele se considera o candidato "melhor preparado academicamente" e critica Capriles e Chávez por encarnarem duas faces da mesma moeda: "o capitalismo selvagem e o socialismo primitivo, a polarização entre o mau e o pior, entre o corrupto e o mais corrupto".
Reduzindo os ministérios à metade com pessoas "que trabalhem" unidas a dirigentes das "igrejas majoritárias" do país, seu projeto espera, entre outros, desarmar completamente as forças policiais nacionais. "Ninguém na República Cristã da Venezuela, ninguém pode nem deve levar armas. Nossa arma tem de ser o amor a Cristo e o amor a Deus", ressaltou.

As candidaturas de Bolívar e Reyes se somam à do sindicalista Orlando Chirinos, que propõe "o verdadeiro socialismo", com uma nacionalização total dos recursos petrolíferos do país, e a da também ex-líder sindical Reina Sequera, do partido Poder Laboral (PL). Sequera, 49 anos, comentou que uma de suas prioridades é impulsionar a "repartição equitativa dos excedentes do petróleo com um bônus de US$ 1 milhão para cada venezuelano" a serem entregues em três fases, além de dar mais estabilidade aos trabalhadores das chamadas missões governamentais.

Também concorre Yoel Acosta Chirinos, que foi companheiro de armas no fracassado golpe de Estado que Chávez liderou em 1992 e um dos fundadores de seu primeiro partido, o Movimento Quinta República (MVR). O militar retirado, que já em 2000 se distanciou do governo Chávez, destaca a necessidade de resgatar o "projeto original bolivariano" de valores morais e éticos e de "verdadeiro autogoverno popular".

"Uma das coisas que eu não compartilho é a exaltação de Chávez, esse culto à personalidade causou grande dano ao processo", manifestou Acosta Chirinos ao assegurar que seu objetivo é contribuir para enriquecer o debate eleitoral. No entanto, o ex-comandante disse que os votos que ele reunir com a Vanguardia Bicentenaria Republicana (VBR) seriam dedicados a Chávez num potencial segundo turno, pois ainda considera o atual líder a melhor garantia para a continuidade do projeto bolivariano.

Cerca de 18,9 milhões de venezuelanos estão cadastrados para escolher em outubro, entre as sete opções de candidatos, o presidente que os representará durante o mandato 2013-2019.



Fonte: EFE
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