segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carta revela que Hitler protegeu colega judeu

O ditador nazista intercedeu pessoalmente por homem que foi seu comandante

Uma carta cuja existência foi revelada nesta sexta-feira, 6, por um jornal alemão afirma que o ditador nazista, Adolf Hitler, responsável pela morte de 6 milhões de judeus enquanto esteve no poder, intercedeu pessoalmente para salvar a vida de pelo menos um deles. Veterano da 1.ª Guerra, Ernst Hess liderou a unidade a que o então cabo Hitler pertencia e, segundo o documento de 1940 assinado por Heinrich Himmler - fundador e comandante da SS, a força de elite do nazismo - deveria ser poupado de perseguição ou deportação "de acordo com os desejos do führer".

Juiz até 1936, quando as leis nazistas proibiram os judeus de exercer funções no Judiciário da Alemanha, Hess foi poupado por ter comandado Hitler, afirma a historiadora Susanne Mauss, que edita o jornal Jewish World e descobriu a carta nos arquivos que a Gestapo - a polícia secreta do nazismo - mantinha sobre magistrados e advogados de origem judaica.

Naquele mesmo ano, de acordo com o artigo de Susanne, Hess foi espancado por nazistas. "Ser agora tachados de judeus e expostos ao desprezo geral é para nós uma forma de morte espiritual", afirmou o ex-juiz ao pedir que Hitler intercedesse a seu favor.

Em 1937, após ter a solicitação negada, Hess obteve a autorização para ir com a família para uma região de língua alemã no norte da Itália. Quando foi forçado a retornar à Alemanha, porém, escutou das autoridades que seu "salvo-conduto" não era mais válido. Foi mandado a um campo de trabalhos forçados, onde ficou preso até o fim da 2.ª Guerra. Sua irmã morreu em Auschwitz, mas Hess sobreviveu e chegou a diretor da autoridade ferroviária em Frankfurt. Morreu em 1983.

"(A carta de Himmler) foi uma maravilhosa descoberta ao acaso. Sempre houve rumores, mas essa é a primeira referência escrita de uma proteção de Hitler (a certos judeus)", disse a descobridora do documento.



Fonte: Estadão com informações de Reuters e AP
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