quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ovelhas que alimentam lobos

Ético e politicamente correto, é assim que esperam que você seja. Que me perdoem os neo-censores de plantão, mas não me enquadro nisto. Não me rebelo contra a verdadeira ética, nem tampouco contra os limites necessários e essenciais ao bom convívio social. Meu ponto não é este, mas a forma como muitos deturpam e abusam de tais conceitos como um meio – velado e supostamente educado – de ensurdecer, cegar e emudecer os que querem ouvir, ver e declarar a verdade. Acredito que nunca houve maior carência dela do que nestes dias, chamados pela Palavra de Deus, os últimos.

Estamos cercados pela falta de compaixão, pela indiferença, por um “evangelho” cada vez mais banal, supérfluo e fajuto e tudo o que esperam é que você se conforme como se o lixo pregado nos grandes púlpitos e a perversidade do coração de muitos fossem exatamente a essência do discurso de Cristo. Jesus em seu tempo censurou a perversa incredulidade de muitos e creio que hoje censuraria a perversa religiosidade de outros. Não quero criar polêmicas – apesar de crer que elas sejam inevitáveis nos últimos dias – mas cada um (dos tantos) escândalos recentes não estão nem perto de ser a raiz do problema, ao contrário, são apenas os “primeiros” frutos dele.

Nosso Senhor em sua pregação já nos advertia “é impossível que não venham os escândalos”(LC 17:1) e tenho por certo que a seu tempo todos os que tiverem sido infiéis em seu tão digno chamado à reconciliação e à condução dos rebanhos darão contas de cada uma de suas ações. O que pretendo com este texto não é rotular, julgar ou trazer mais escândalos sobre os que já estão expostos. Para que fique mais claro, quero que você inverta seu ponto de vista e, sabendo que o que temos visto são os frutos de uma árvore podre em seus fundamentos, que sincera e francamente avalie o quanto você tem se esforçado para que as coisas sejam diferentes.

O crime de estelionato é vulgarmente conhecido como “O Conto do Vigário” – as razões históricas para este nome não vem ao caso agora – porém, entre os policiais é comum o entendimento que um “vigarista” só consegue ser bem sucedido quando aplica seu golpe contra outro vigarista. Todo estelionato é baseado nisto, um aproveitador encontra alguém que “queira se dar bem” de um forma fácil e alimenta sua motivação sem que ele ao menos perceba que a vítima é ele mesmo. O que isto tem a ver com os escândalos? Simples, os vigaristas travestidos como líderes religiosos têm se multiplicado pregando um “evangelho” pútrido que via de regra é apresentado como um paraíso de facilidades e vantagens pois é esta a mensagem que muitos têm querido ouvir. Sua mensagem mais se assemelha a uma proposta de crediário de qualquer loja medíocre do que com a verdadeira palavra de Cristo, afiada como uma espada que invade e transforma nossas vidas para toda a Eternidade. Em seus púlpitos não há espaço para o arrependimento, para o confronto ao pecado ou para o chamado ao inconformismo pois os “vigaristas proféticos” encontraram multidões de “facilitadores da cruz” que preferem sempre o “jeitinho”, alimentando e sendo alimentandos pela cobiça, pela troca, pela constante negociação do chamado e das bênçãos (em tempo – esta palavra vem invariavelmente associada ao ter, quando deveria vir associada ao ser, ou é em vão que se declara – “sê tu uma bênção”).

Nossa cobiça, nossa vaidade, nosso orgulho e nossa sede pelo poder têm sido o corrosivo da igreja brasileira e ela está a ponto de desabar sobre nossas cabeças.

Preciso contudo afirmar que em meio a isto há sim um exército de crentes sinceros, quebrantados e fiéis – simples e inocentes como a Palavra nos instrui a ser – mas se continuarmos conformados, isolados e calados – nos rendenderemos à nossa própria condenação.



Fonte: Blog do Aldric
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