sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jogador português Carlos Martins fala do momento difícil que atravessa e diz ter muita fé em Deus

"O meu dever como pai é deixar o meu filho feliz, chegar a casa e ouvi-lo dizer que fiz um gol".

Carlos Martins fala do "momento muito difícil" que atravessa por causa da grave doença do filho Gustavo, mas nota que não consegue deixar de jogar. "Não consigo abandonar, deixar de fazer o que o meu filho gosta de ver", salienta o médio do Granada em entrevista na RTP1.

Confira as declarações emocionadas do futebolista:



No programa "Grande Entrevista", numa conversa conjunta com a mulher Mónica, Carlos Martins realça que tem que "ir buscar forças" para continuar a desempenhar o papel de futebolista. "Eu sou pai e sou eu que tenho que ir buscar forças, não sei aonde, mas tenho que ir para que o meu filho não sinta mais do que aquilo que ele já sente", sublinha. "O meu dever como pai é deixar o meu filho tranquilo, feliz, chegar a casa e ouvi-lo dizer que me viu no jogo, que fiz um gol ou que joguei com o Cristiano ou com o Nani", diz ainda. "É isto que ele gosta e é por isso que eu jogo e que vou buscar as forças onde tenho que ir", continua.

O atleta aproveita para deixar uma "palavra de agradecimento" ao Granada "por tudo aquilo que tem feito por mim e pela minha família", refere, notando que o clube espanhol o deixou "sempre à vontade para fazer o que quer que seja". Quando o filho esteve internado durante 21 dias "saía do treino acelerado, ia para o hospital, não tinha refeições, porque a comida não entrava e depois, claro, reflete-se em tudo", conta Carlos Martins. "Ia para os jogos mesmo em cima da hora, o clube deixava-me estar sempre até à última da hora no hospital", revela ainda.

Sempre de mão dada com a mulher, com quem tem mais dois filhos, Carlos Martins assume que tem "muita fé". "Eu sei que Deus tem a mão em cima dele e ele vai conseguir vencer esta bastalha, ele vai conseguir", nota. "Sabemos a coragem e a força que ele tem, olhamos para ele e parece que não se passa nada, ele dá-nos muita força para conseguirmos e para continuarmos a lutar por ele", relata.

Carlos Martins fala do filho como "um super-homem, com uma coragem enorme e com uma força que só ele sabe onde vai buscar". E diz que por vezes ele e a esposa se questionam "como é que um menino tem uma coisa tão grave e não parece". "Quem vê o meu filho não sabe aquilo que ele tem", salienta, reparando que se trata de "uma criança perfeitamente normal" que "quer fazer o que a idade pede, mas temos que ter cuidados em relação às quedas", frisa. "Eu sou mais permissivo, eu deixo-o fazer mais coisas, a minha mulher não", diz também.

O jogador fala dos momentos complicados, em que o casal se vai abaixo, mas destaca que aparece sempre o filho, "sempre com um sorriso na cara, sempre com uma brincadeira" e realça que são precisamente os filhos que lhes dão "força". "Sei que isto veio porque tinha que vir, mas é um obstáculo que vamos ultrapassar concerteza", nota, constatando que no final, quando este desafio for vencido, estarão "muito mais fortes psicologicamente em todos os sentidos". "Não tenho a mínima dúvida de que o meu filho vai vencer isto", aponta.

O médio emprestado pelo Benfica ao Granada aproveita para "agradecer a todas as pessoas, de Portugal, de Espanha, da Rússia, de todo o lado, os emails que me mandaram, os telefonemas que me fizeram, as palavras de força e de carinho que me teem dado". "Não posso dizer que me sinto aliviado, mas já me sinto melhor por saber que tantas pessoas espalhadas pelo mundo inteiro estão conosco", repara. "Não nos tira a dor, mas minimiza-nos a dor", prossegue.

Aos pais que têm filhos que sofrem do mesmo problema, Carlos Martins aconselha a que "não há que ter vergonha de nada porque estamos a lutar pela vida dos nossos filhos". "Pelos meus filhos eu faço tudo, não me interessa se as pessoas criticam, não me interessa, interessam-me é os meus filhos, eles estarem bem", conclui.



Fonte: Relvado
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