sábado, 22 de outubro de 2011

Pastor evangélico afirma que Esporte cobrou 10% para PCdoB

O fundador de uma Igreja que recebeu 1,2 milhão de reais em convênios do Ministério do Esporte afirmou ao jornal Folha de São Paulo ter sido pressionado a repassar 10% do valor aos cofres do PCdoB, partido que controla a pasta. O pastor evangélico David Castro, que dirige à Igreja Batista Gera Vida, de Brasília, disse ter se recusado a pagar a propina.

O pastor já é a segunda pessoa que vem a público denunciar esquema de corrupção no âmbito do programa Segundo Tempo, mantido pelo Ministério para incentivar o esporte entre crianças carentes por meio de parcerias com ONGs. As primeiras acusações surgiram no último fim de semana, quando o policial João Dias Ferreira, dono de duas ONGs conveniadas ao Ministério, disse à revista Veja que o próprio Orlando Silva teria recebido dinheiro pessoalmente.

Segundo a reportagem da Folha, a Igreja Batista Gera Vida mantinha dois convênios com o Ministério dos Esportes desde 2006 para desenvolver atividades esportivas para cerca de 5.000 crianças dentro do Programa Segundo Tempo. Quando a proposta foi apresentada, quem comandava a pasta era o petista Agnelo Queiroz. Já na época de assinatura dos convênios, Orlando Silva já havia assumido.

O pastor David Castro disse à Folha que, após a liberação da primeira parcela do dinheiro, no final de 2006, duas pessoas o procuraram, dizendo falar em nome do PCdoB e de Agnelo. Elas teriam alegado necessidade de “suporte político do ministro” para justificar o pedido de propina. Castro recusou-se a dar nomes, mas afirmou que uma das pessoas era funcionária do Ministério.

O pastor alegou ainda que sofreu retaliação por não ter pago a propina, pois “houve dificuldade” na hora da prestação de contas. Sua igreja é acusada pelo Ministério Público Federal de ter cometido irregularidades numa licitação para compra de merenda e cobra a devolução do dinheiro. Castro afirmou ao jornal que foi apenas depois disso que o Ministério resolveu reprovar as contas da entidade, já que antes da acusação do MP, a pasta chegou a mandar uma carta oferecendo a renovação do contrato.

O Ministério do Esporte negou as acusações e disse que o envio da carta era um procedimento padrão, sem garantia de renovação, e que a prestação de contas da igreja foi reprovada por não se encaixar nos requisitos legais. Em 2007, diz a Folha, o MP enviou recomendação para que o Ministério suspendesse o repasse de verbas para a entidade. Por meio de assessoria, Agnelo Queiroz afirmou que não era mais ministro quando o convênio foi assinado e que sequer conhece David Castro.


Fonte: Exame
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