sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Hillary Clinton destaca violações à liberdade religiosa no Irã e na China e avanços na Turquia

Dois dias após os memoriais dos dez anos dos ataques de extremistas muçulmanos contra as Torres Gêmeas em 11/9 em Nova York, foi lançado nesta terça-feira, 13, em Washington, capital dos Estados Unidos, um relatório do governo norte-americano sobre liberdade religiosa no mundo. O estudo, que foi apresentado à imprensa pela Secretária de Estado Hillary Rodham Clinton, cobre detalhadamente a situação da liberdade religiosa em mais de 190 países. A representante do governo Obama destacou os governos do Irã e da China como sendo exemplos negativos de violação deste direito humano fundamental, o da liberdade religiosa, aos seus respectivos povos.
Leia a íntegra do discurso de Hillary ao lançar o relatório:

“A proteção da liberdade religiosa é uma preocupação fundamental dos Estados Unidos desde os primeiros dias da nossa república, e permanece até hoje.

“Ao olharmos ao redor do mundo, de fato, vemos muitos países onde os governos negam ao seu povo um dos direitos humanos mais fundamentais: o direito de crer segundo a sua própria consciência - incluindo a liberdade de não crer ou não seguir a religião favorecida por seu governo; o direito de praticar sua religião livremente, sem correr o risco de discriminação, prisão ou violência; e o direito de educar seus filhos em suas próprias tradições religiosas, e a liberdade de expressar suas crenças.

Irã e China

“No Irã, as autoridades continuam a reprimir os muçulmanos sufis, os cristãos evangélicos, judeus, bahais, sunitas, Ahmadis, e outros que não compartilham a visão religiosa do governo. Na China, os budistas tibetanos, uigures muçulmanos, cristãos das “igrejas nas casas”, todos sofrem tentativas do governo para restringir a sua prática religiosa. Na Eritreia ano passado, um cristão evangélico de 43 anos morreu na prisão. Ele foi torturado por 18 meses e não recebeu tratamento da malária, porque ele se recusou a renunciar à sua fé.

“É claro, as ameaças ao livre exercício de consciência e de religião nem sempre vêm diretamente dos governos. Ainda ontem, ouvimos relatos de que homens armados disfarçados de agentes de segurança interceptaram um ônibus de peregrinos xiitas que viajavam pelo oeste do Iraque. As mulheres foram abandonados na beira da estrada, mas os 22 homens foram fuzilados, e seus corpos deixados no meio do deserto. Este tipo de violência, este ódio sem sentido, não tem outro objetivo senão o de minar o tecido da sociedade pacífica.

“No Oriente Médio e Norte da África, os movimentos e as transições para a democracia têm inspirado o mundo, mas tais acontecimentos têm também exposto minorias étnicas e religiosas a novos perigos. Pessoas foram mortas por seus próprios vizinhos por causa de sua etnia ou a sua fé. Em outros lugares, temos visto os governos se omitirem enquanto a violência sectária, inflamada por animosidades religiosas, separa as comunidades.

“Agora, o povo da região deu seus primeiros passos rumo à democracia, mas se eles esperam consolidar seus ganhos, eles não podem simplesmente trocar uma forma de repressão por outra.

“Jogar um holofote sobre as violações da liberdade religiosa ao redor do mundo, como as que acabei de mencionar, é um dos nossos objetivos na liberação deste relatório.

“Também chamar a atenção para algumas das medidas que estão sendo tomadas para melhorar a liberdade religiosa e promover a tolerância religiosa. Uma delas é a Resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que foi introduzida pela Organização de Cooperação Islâmica (OIC, sigla em inglês) e aprovada, por consenso, em março. Ela exorta todos os Estados a tomarem medidas concretas contra os conflitos religiosos através da cultura da tolerância, da educação, sensibilização do governo, projetos de serviço, e diálogo inter-religioso. E nós trabalhamos muito duro com um grande número de nações e com a OIC para passar a presente resolução, e nós estaremos trabalhando com a OIC e nossos colegas europeus na realização prática do documento.

Turquia

“Vimos também a Turquia tomar medidas sérias para melhorar o clima de tolerância religiosa. O Governo turco publicou um decreto, em agosto, que convidou os não-muçulmanos para recuperar as igrejas e sinagogas que foram confiscadas 75 anos atrás. Aplaudo o compromisso muito importante do primeiro-ministro Erdogan para fazer isto. Inclusive, a Turquia agora permite às mulheres usar o véu nas universidades, o que significa que estudantes do sexo feminino já não têm que escolher entre sua religião e a sua educação.

“Terceiro, com este relatório reafirmamos o papel que a liberdade religiosa e a tolerância desempenham na construção de sociedades estáveis e harmoniosas. O ódio e a intolerância são desestabilizadoras. Quando os governos reprimem a expressão religiosa, quando os políticos ou figuras públicas tentam usar a religião como uma questão para tirar proveito, ou quando as sociedades deixam de tomar medidas para denunciar a intolerância religiosa e a discriminação com base na identidade religiosa, eles ajudam a inflamar extremistas e sectários.

“E o inverso também é verdadeiro: Quando os governos respeitam a liberdade religiosa, quando trabalham com a sociedade civil para promover o respeito mútuo, ou quando julgam atos de violência contra membros de minorias religiosas, podem ajudar a abaixar a temperatura. Eles podem promover uma aversão do público ao discurso do ódio, sem comprometer o direito de livre expressão. E ao fazer isso, eles criam um clima de tolerância que ajuda a tornar seu país mais estável, seguro e próspero.

“Assim, o Governo dos Estados Unidos vai continuar seus esforços para apoiar a causa da liberdade religiosa. Participamos com grupos de fé na busca de soluções para resolver as questões que os afetam. Nossas embaixadas encorajam o diálogo inter-religioso. E vamos denunciar tentativas para limitar a liberdade religiosa.

“Porque é nossa convicção que a tolerância religiosa é um dos elementos essenciais não só de uma democracia sustentável, mas de uma sociedade pacífica que respeite os direitos e a dignidade de cada indivíduo. Pessoas que têm voz na forma como eles são governados - não importando qual é a sua identidade ou origem étnica ou religião - são mais propensos a ter uma participação efetiva no sucesso de seu governo e da sua sociedade. Isto é bom para a estabilidade, para a segurança nacional americana e para a segurança global. Obrigado a todos.”


Fonte: Agência Soma
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