domingo, 25 de abril de 2010

Vítima processa Vaticano por padre que abusou de 200 crianças surdas

O advogado Jeff Anderson (foto) afirmou que vai processar o Vaticano e o papa Bento 16 por não terem agido para impedir um padre de Wisconsin, nos Estados Unidos, acusado de abusar sexualmente de ao menos 200 crianças surdas entre 1950 e 1975.

Anderson diz que seu cliente e autor do processo era um estudante de uma escola para surdos em Milwaukee e foi vítima de abuso sexual por parte do reverendo Lawrence Murphy.

Ele diz que seu cliente enviou cartas certificadas ao Vaticano em 1995, pedindo que Murphy fosse deposto pelos abusos. Ele nunca recebeu resposta.

A ação também vai buscar a liberação de arquivos secretos do Vaticano que detalham as alegações de abuso cometido pelo reverendo.

O advogado deve anunciar mais detalhes do processo em uma entrevista a jornalistas, na tarde desta quinta-feira.

O caso de Murphy é um dos mais chocantes no recente escândalo sobre os acobertamentos de abusos sexuais de crianças por parte de padres.

A Igreja Católica vive uma crise de intensidade ainda maior que o escândalo semelhante que atingiu os Estados Unidos oito anos atrás e fez com que muitos voltassem a questionar o celibato.
Desta vez, o escândalo vem chegando perigosamente perto do próprio papa, na medida em que os grupos de vítimas disseram que querem saber como ele tratou desses casos antes de sua eleição a papa, em 2005.

O então cardeal Joseph Ratzinger é uma das autoridades do Vaticano que teriam encoberto o caso do reverendo americano.

Renúncia

Nesta quinta-feira, um bispo irlandês e um alemão renunciaram em consequência do escândalo de pedofilia.

O papa Bento 16 aceitou a renúncia do bispo James Moriarty, elevando para três o números de bispos da Irlanda que deixaram seus cargos devido à crise de abusos sexuais cometidos por religiosos.

Moriarty entregou sua renúncia em dezembro, depois que um relatório oficial o incluiu numa lista de líderes da igreja na arquidiocese de Dublin que encobriram casos de abusos de menores cometidos por padres por 30 anos.

Ele foi bispo auxiliar de Dublin por 11 anos, antes de ser nomeado em 2002 bispo de Kildare e Leighlin.

Na Alemanha, o bispo de Augsburg (no sul do país), Walter Mixa, também apresentou pedido de renúncia ao papa Bento 16 após acusações de violência física contra alunos de um orfanato nos anos 1970 e 1980.

O bispo provocou uma grande polêmica na Alemanha depois da recente publicação na imprensa dos depoimentos de ex-alunos do orfanato católico de Schrobenhausen, que o acusaram de violências físicas quando ele era padre na região.

Depois de ter negado em um primeiro momento as acusações, o bispo Mixa admitiu ter cometido os abusos aos alunos no período em que esteve à frente do orfanato e pediu desculpas pelos seus atos.

Fonte: Folha Online
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