quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Relembrando: Entrevista com SILAS MALAFAIA

Entrevista com o Pastor Silas Malafaia na revista Eclésia nº 73 ano VII, onde o mesmo fala sobre assuntos polêmicos relacionados a atual situação da igreja evangélica. Infelizmente as coisas mudam e as pessoas também. Mudam seus conceitos e valores...seria isso um sinal dos tempos?? Creio que sim. Acompanhe a entrevista e tire suas próprias conclusões:

METRALHADORA GIRATÓRIA

Silas Malafaia chega aos 20 anos de um ministério marcado pela polêmica. Ele é polêmico por convicção. Na televisão e no rádio esbraveja, gesticula, compra briga. Tudo para defender a verdade – a do Evangelho, ele garante; a sua própria esbravejam os adversários. O fato é que há 20 anos desde que foi ordenado pastor, Silas Lima Malafaia é uma das pessoas mais conhecidas e comentadas da Igreja Evangélica Brasileira. No ar desde 1982 com o programa Renascer, veiculado em rede nacional, é um dos pioneiros da modernização do uso da TV pelos evangélicos. Percorre o país pregando a palavra e fazendo palestras. Boa parte deste material, reunido em fitas de vídeo, chega aos quatro cantos do país e até do exterior através da Central Gospel. Nesta conversa com ele ECLÉSIA revela um pouco mais do pensamento de um dos mais controvertidos pastores brasileiros.

ECLÉSIA – Seu ministério é conhecido devido às posturas polêmicas que o senhor adota. Por que o senhor age assim comprando brigas?

SILAS MALAFAIA – Eu me lembro do meu pai, que foi um líder evangélico que teve uma postura muito firme. E ele sempre me ensinou que eu não deveria ter medo da oposição, nem de cara feia. Ele me falava: “Meu filho, não abra mão se você estiver do lado da verdade, não tenha medo da pressão”. Há um texto bíblico que eu gosto muito de repetir na televisão, sempre que eu vou falar de algum assunto polêmico, que é II Co. 13.8 : “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.”

ECLÉSIA – Há quem diga que tudo não passa de encenação e que o senhor, na verdade, interpreta um personagem...

SILAS MALAFAIA - Pura bobagem. Eu não faço isso por marketing. Primeiro, que eu não preciso viver disso, nem inventar nada – há 20 anos que estou aí, diante de todo mundo, defendendo o que acredito ser certo. Além disso, eu pertenço a uma igreja muito boa, muito sólida e equilibrada, que é a Assembléia de Deus...

ECLÉSIA – Na sua opinião, o que é mais importante para o obreiro: a unção espiritual ou o preparo teológico?

SILAS MALAFAIA – Eu penso que as duas coisas precisam estar alinhadas. Deus acredita no potencial humano. Aprendi que Deus não move uma palha naquilo que o homem pode fazer. A unção vem de Deus, mas a preparação, o desenvolvimento, cabe a mim. Eu posso ser um obreiro ungido, mas medíocre, e posso ser um obreiro ungido e atualizado.

ECLÉSIA – Qual a sua avaliação sobre a formação dos pastores no Brasil?

SILAS MALAFAIA – Temos muita gente aí sem nenhum tipo de preparo, nem espiritual, nem intelectual, falando em nome de Jesus. Eu não estou dizendo que tem que ser doutor, PHD, para dizer que está preparado. Mas é preciso buscar conhecimento, ler muito, fazer um curso teológico, enfim, aprimorar o chamado que recebeu de Deus.

ECLÉSIA – As associações de pastores que hoje existem, não deveriam atuar nesse sentido?

SILAS MALAFAIA – Essas organizações são entidades associativas sem nenhum poder sobre as igrejas. Cada denominação é que estabelece suas próprias regras. E isso tem um lado muito ruim – um monte de trambiqueiro e pilantra têm aí o titulo de pastor, sai abrindo verdadeiras biroscas, dizendo que é igreja.

ECLÉSIA – O senhor tem repetido insistentemente que o Brasil atravessa um grande avivamento espiritual. Não parece paradoxal, já que sabemos de tantos problemas e crises?

SILAS MALAFAIA – Eu não compartilho da opinião desses críticos que apregoam o catastrofismo da igreja evangélica brasileira. Enquanto existir ser humano vai haver pecado, vai haver deficiência. Olha só Jesus escolheu 12 discípulos. Grupo pequenininho não é? Mesmo assim, havia Judas, que era um traidor. E Judas era amigo íntimo de Jesus. Quer dizer mesmo naquele grupinho, tinha um trem doido que não prestava. E não era só isso, não. Jesus teve que resolver muita parada com aquela turma. Tinha filho do trovão, tinha zelote, gente da pesada. Então, meu irmão, onde tem homem, tem crise. Isso não quer dizer que a Igreja esteja indo mal.

ECLÉSIA – Então, como ainda há espaço para os escândalos e divisões que periodicamente, abalam o meio evangélico?

SILAS MALAFAIA – Porque isso é profético. São sinais dos últimos tempos. Rapaz, eu não quero citar nomes de denominações aqui por uma questão ética. Mas já apareceram, na história do movimento evangélico no Brasil, aqueles que disseram que eram a verdadeira Igreja. Aliás – eu vou dizer – foi a Igreja da Restauração do Brasil. Eles saíram da Assembléia de Deus, dizendo que tinham que ser mais santos, ter mais costumes ainda... Certo.

ECLÉSIA –Mas por que tem aparecido tantas novidades em termos de eclesiologia?

SILAS MALAFAIA – Porque o movimento neopentecostal, buscando identidade e afirmação, começou a buscar uma série de medidas de experimentação. O problema é que veio junto uma série de modismos de pataquada.

ECLÉSIA – No apogeu do movimento G12, em meados de 2000, ECLESIA fez uma reportagem na qual o senhor disse que a chamada visão dos 12 era uma “palhaçada de quem não conhece a bíblia.” Previu também que o movimento teria vida curta. O que diz hoje?

SILAS MALAFAIA – O mesmo que disse naquela ocasião. Só faço uma pergunta: cadê o G12? Cadê a revolução que iriam fazer? Disseram que eu era profeta do diabo, me amaldiçoaram, rogaram praga, pintaram o caneco, cadê? Acabou o modismo. Só serviu para dividir e derrubar igrejas. Olha, eu recebi mais de 50 mil faxes e e-mails falando dos estragos do G12. O que mais teve foi crente perturbado, crente decepcionado porque descobriu que o Evangelho não é mágica. Talvez tenha sido uma das maiores perturbações que a Igreja Brasileira enfrentou na sua história.

ECLÉSIA – O senhor não acha que o moderno movimento apostólico é legitimo?

SILAS MALAFAIA – Que unção de apóstolo? Tá, vamos lá. Primeiro, teria que ter visto Jesus. Mas vamos quebrar o galho, vamos deixar este aspecto de lado. Apóstolo é aquele que vem para a base, é o desbravador, o que estabelece a base da Igreja. E esses apóstolos que temos ai? Qual é a deles? É tudo pescador de aquário dos outros. Estão com a Igreja cheia de membros das Igrejas dos outros e ficam pregando em grandes centros. E tem outra coisa: se são apóstolos têm que entregar a direção de suas igrejas. O verdadeiro apóstolo é o que rompe, estabelece a igreja e vai embora. Ah, para com essa brincadeira. É uma insensatez, um modismo barato. Apóstolo no Brasil, é uma função hierárquica. O camarada era pastor, se intitulou bispo, depois tem que ter um titulo maior. Só falta querer ser vice-Deus, do jeito que vai.

ECLÉSIA – Qual a sua avaliação sobre a tão falada teologia da prosperidade?

SILAS MALAFAIA – A teologia da prosperidade, copiada do modelo americano é outro besteirol puro. Aquele modelo de super-homens espirituais que conquistam tudo, que oram e Deus abre as portas, que não podem ficar doentes, que não podem ser pobres. Esse modelo não é bíblico. Quero ver implantarem esse troço na Somália. Prosperidade a luz da Bíblia, é um conjunto de elementos. É repartir, é viver feliz e alegre com o que se tem. Não é apenas a questão financeira, como andam dizendo por ai. Hoje, temas considerados tabus na igreja há pouco tempo, como o divórcio, já fazem parte do cotidiano dos crentes.

ECLÉSIA – O que mudou?

SILAS MALAFAIA – Lamentavelmente o que está acontecendo é que estamos tomando a forma do mundo, contrariando o que o apóstolo Paulo disse em Romanos 12 – ou seja, que nós não deveríamos nos conformar com o mundo. A grande ilusão do divórcio é que um segundo casamento não vai repetir os defeitos e problemas do anterior. As pessoas estão se divorciando, na maioria dos casos, por egoísmo. Ninguém abre mão, ninguém quer ceder. Estamos vivendo a cultura das facilidades. É mais fácil separar do que buscar a solução para os problemas conjugais.

ECLÉSIA – E o que o senhor pensa de igrejas que admitem pastores divorciados?

SILAS MALAFAIA – Eu não quero ser inflexível. Cada caso, é um caso. Mas dentro disso, temos princípios. O camarada se separou porque cansou da mulher e resolveu trocar uma de 40 por outra de 20? Tenha paciência. Eu não sei como é que tem povo para seguir um cara desses. O pastor, o ministro, de acordo com o principio da Bíblia, tem que ser irrepreensível, marido de uma só mulher. Não é uma de cada vez, não. Tem que ser exemplo dos fiéis. Acima da normalidade. Que autoridade espiritual um pastor divorciado tem para chegar ao púlpito e exortar o membro da igreja a salvar seu casamento? Onde é que nós vamos parar com essa licenciosidade de gente que quer justificar o seu pecado?

ECLÉSIA – O senhor disse que cada caso, é um caso. Então quando se justifica um pastor largar sua mulher?

SILAS MALAFAIA – Meu irmão, eu sou duro nesse negócio. Com pastor, então, mais ainda. Certa vez, um pastor chegou para mim e disse: “Malafaia, minha mulher adulterou, eu tentei salvar o casamento, ela adulterou de novo, eu tentei salvar novamente e aconteceu de novo.” Eu disse: “Então chega”. Ai é outra história. E a igreja toda sabia da situação. Ele tentou. Admiti-se que um pastor se divorcie, mas em casos muito raros. Agora, tem pastor se separando porque ele é que é o adúltero. Como é que a gente pode aceitar um camarada desses e dizer que é normal?

ECLÉSIA – Qual a sua opinião sobre evangélicos na política?

SILAS MALAFAIA – Estamos em um ano eleitoral. É preciso fazer a seguinte diferenciação. Púlpito não é palanque. Mas a política não é do diabo. As pessoas que estão dentro das igrejas são seres humanos, dentro de um contexto social. E a própria Bíblia diz que, quando os ímpios governam o povo sofre. Então nós não podemos nos omitir. O pastor não deve fazer do púlpito uma negociata política. Pelo contrario, ele deve ter muita ética, sem impor ao povo coisa nenhuma.

Estas foram algumas das respostas dadas pelo Pr. Silas, em um passado não muito distante...vale a pena parar pensar e refletir, como o tempo passa, e com o tempo as idéias...

Fonte: http://www.fabiozine.blogspot.com/