segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Neobesteiras das Igrejas

O modelo de Igrejas em Células, conhecido por G-12 (Grupo de 12) ou Visão Celular, foi criado pelo pastor colombiano Cézar Castellanos Dominguez, da Missão Carismática Internacional (MCI), no ano de 1991. Após visitar à Igreja Central do Evangelho Pleno na Coréia, do pastor David Yonggi Cho, a maior do mundo, e que funciona com o sistema de células, o pastor colombiano deu início a formatação desse modelo para a sua igreja. A visão institui que a igreja deve ser subdividida em grupos que se reúnem nas casas (células), onde participam de estudos previamente estabelecidos num manual sob a coordenação de um líder, o qual obrigatoriamente deve ter feito o “encontro”. Assim que a célula atinge a meta de 24 membros, ocorre então a divisão, ou seja, são formadas duas células de 12 membros cada, e assim por sucessivamente. Para aqueles que adotam o G-12, a visão é uma estratégia para multiplicação em breve espaço de tempo, ou seja, rapidamente os templos se enchem e o número de membros triplica. O alvo da visão é ganhar, consolidar, discipular e enviar as pessoas, formatando-as no modelo dos 12.
O G12 é um governo que se multiplica através das gerações:Primeira geração: os 12;Segunda geração: os 144;Terceira geração: os 1.728;Quarta geração: os 20.736

Em agosto de 1998, o brasileiro Renê Terra Nova, da Igreja Batista da Restauração de Manaus, participou de um encontro em Bogotá, Colômbia, e, inspirado no trabalho do apóstolo Cézar Castellanos, fundou o Ministério Internacional da Restauração (MIR), do qual é presidente. No final de março de 2005, Terra Nova se desligou do G-12, quando rompeu com Castellanos e adotou para si e sua igreja uma nova nomenclatura – Visão Celular (Movimento Celular, M12).

O modelo dos 12 segue dividindo opiniões, gerando controvérsias, jogando pastores contra pastores e alimentando uma série de versões desencontradas. Há uma “aura mística” em torno do número 12 e uma forte ênfase no crescimento, e não no pastoreio.. preocupação apenas em multiplicação, como se o ministério pastoral tivesse metas de produtividade a atingir. Não há nada de errado em dividir a igreja em células. O que me preocupa são essas aberrações teológicas.

O movimento segue as tendências contemporâneas de interpretação, mais especificamente a subjetividade e relatividade na interpretação e aplicação dos textos bíblicos. De fato, tanto o Modelo como o Encontro parecem bíblicos, se considerarmos o volume de citações e alusões a textos bíblicos neles contidos.

Todavia o “Encontro” nada mais é do que uma forma de transicionar ou receber a visão. Naturalmente, os participantes e proponentes do modelo também afirmam que a sua base teológica é a inerrância das Escrituras, que são aceitas como regra de fé e prática. A diferença está em seus princípios de interpretação. Três princípios podem ser observados. O primeiro implica na ambigüidade do entendimento dos textos. Em outras palavras, os textos são tratados de forma relativa, podendo adquirir significados múltiplos. Não se trata de um sensus plenior da passagem, mas de diversos sentidos dados a uma mesma passagem, que é entendida, assim, de forma ambígua. Por exemplo, em Habacuque 2.2 a palavra visão é entendida de diferentes maneiras, significando ao mesmo tempo a visão recebida pelo profeta Habacuque, visões literais recebidas atualmente pelas pessoas, e visões não-literais, mas que implicam em um desejo ou uma forte convicção, frutos da capacidade de projetar o futuro. Estes dois últimos sentidos são usados e justificados pelo texto de Habacuque e outros. Portanto, não é simples entender o que significa adquirir a visão conforme propõe o movimento. Pode significar o entendimento correto da Escritura, bem como desenvolver a capacidade de buscar objetivos ainda não concretizados ou, finalmente, abraçar a visão recebida por César Castellanos.

O Encontro e suas fases não são só para os novos crentes, mas também para líderes que querem implantar a visão de células de multiplicação e de grupos de 12. Para essa visão é necessário uma grande disciplina, disposição e acima de tudo experiência com o Senhor Jesus.

O povo acaba assimilando a idéia e a colocação é a seguinte: que em três dias você resolve o problema todo da sua vida. O cristianismo não é para três dias ou três anos, é para a vida toda. As verdades bíblicas são aplicadas na vida, à medida que a pessoa vai entendendo e aplicando. Se isto não aconteceu, pode passar até 20 anos e nada vai mudar. Crescimento não acontece de uma hora para outra. É como uma criança, tem que passar por todas as fases. A visão do G12 é totalmente imediatista, mas a visão bíblica é progressiva.

Os participantes do encontro são crentes evangélicos desviados, na sua esmagadora maioria. Voltam, quase todos, dizendo que viram Deus, nasceram de novo e que agora são cristãos de verdade, entram na estatística do movimento como sendo novas almas conquistadas e exemplo de inferno saqueado.

Qual inferno foi saqueado se a maioria esmagadora dos encontristas eram membros das igrejas evangélicas? Como se pode ver, já são pessoas de igrejas, salvas, libertas, salvo exceção. Não foram pessoas resgatadas lá no mundo sem Deus. São pessoas da própria igreja ou de igrejas co-irmãs. Conheço isso de perto. Uma Igreja super tradicional com costumes enraizados, e, dentro de poucas semanas (eu disse poucas semanas) implanta tudo da visão e diz: à partir de hoje não sou mais Pastor de crentes, sou Pastor de discípulos. Vamos ganhar toda a cidade para Jesus e vai ser com a Visão Celular. Tudo que aprendemos até agora era arcaico e retrógrado.

O negócio agora são as multidões. Escola Dominical? Já era! Agora em seu lugar será Escola de Líderes. Cultos Domésticos? Já era! O negócio agora são células! Coral? É arcaico! O negócio agora é música gospel de qualidade! Todos são obrigados a ir ao Encontro. Quem não for é porque é desobediente e não passa de um religioso. Quem quiser ficar, à partir de agora, com esse novo modelo, amém! Quem não quiser é livre para tomar sua decisão! RESULTADO? Todos já sabemos. Depois de algum tempo volta o Pastor ferido, machucado, Igreja dividida, membros escassos, e a cúpula principal da Igreja??? Humm!!! Essa cai arrebentando! De quem é a culpa? DO TAL DO G12! O PROBLEMA SÃO OS HOMENS E NÃO O MODELO.

Encontros: o Encontro torna-se um equívoco quando as pessoas colocam nele suas esperanças de que verão Deus face a face.
Não preciso ir ao encontro para analisar o que é certo ou errado. Se vou a um lugar onde Deus haverá de manifestar-se, isto gera uma visão pagã sobre Ele, gera idolatria e uma falsa teologia. Creio em um Deus que não brinca de esconde-esconde e que não se revela através de segredos esotéricos. Ele se manifesta integralmente e totalmente a cada um de nós. Não marca encontro em algum lugar, mas se revela onde nós estamos.

Células: célula passou a ser a única forma de uma igreja trabalhar e crescer. Alias o Espírito Santo passou a ser secundário , pois criam-se se células e estabelecem alvos numéricos de crescimento, quem converte é o método. Lamentável. Outra anomalia é a oferta na célula contrariando a palavra que diz:

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céue não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.” Ml 3:10

Preparação dos líderes: Incutem uma paixão cega por uma visão, acreditando que possui a melhor revelação de Deus, a melhor visão, a melhor estratégia. E movido por essa paixão procura persuadir cada pessoa a ser um líder, com a idéia de que a mesma tem um “chamado” pra ganhar uma cidade, uma multidão. Separar um líder é mais do que tornar alguém apto para cuidar de uma célula, é mais do que uma questão de conhecimento teológico, ser líder é atender ao chamado de Deus e negar a si mesmo!

Nem todos recebem de Deus este chamado, nem todos estão preparados. Na realidade os “discípulos” não são apenas preparados para pregar a Cristo, mais são treinados principalmente para divulgar a “visão” da igreja, é como o treinamento de vendedores de um produto, desconsiderando um dito popular: “A pressa é inimiga da perfeição!”. Algumas visões estão impregnadas de costumes e práticas anti-bíblicas visando um crescimento rápido, embora este crescimento seja doentio.

Geralmente o líder de células possui pouco conhecimento teológico. Uma igreja em células exige um rigoroso planejamento de forma a ser muito bem elaborado, com muito acompanhamento, muito controle, muito critério, do contrário o fracasso será inevitável. Se os líderes não forem bem instruídos, bem acompanhados, bem discipulados, nada feito. Qualquer pessoa é líder, desde que participe dos encontros e da escola de líderes e, claro, permaneça fiel à visão. O chamado de Deus para o ministério é desprezado. É como se ignorassem a escolha de Deus.

Nas células não há liberdade de pregação livre, pelo fato de o líder estar obrigado a usar o formato da visão, que está no manual. Percebe-se o quão perigoso é este negócio de transformar pessoas em líderes! Em menos de dois meses uma pessoa está apta para “abrir” uma célula, sendo que este tempo pode ser reduzido se o mesmo fizer um intensivão. É um absurdo, pois um novo convertido não vai ter experiência para ministrar uma célula, lidar com vidas.

Esse tipo de líder começa com pouco conhecimento da Palavra de Deus e termina num profundo analfabetismo bíblico tendo em vista que após ter um crescimento “explosivo” pouco tempo terá para se dedicar ao estudo da Palavra e sim se aperfeiçoar na visão. A visão acaba por jogar as pessoas no fogo! Com informações precárias, eles ensinam o básico do básico e depois te obrigam a abrir uma célula cobrando toda hora o crescimento: a célula tem que romper! Ela tem que crescer, tem que multiplicar senão torna-se uma célula doente.
Veja o exemplo dos discípulos de Jesus, estes tiveram o privilégio de passar 3 anos num curso intensivo de Teologia Prática e Experimental.

Vitimas alvos da visão: as vítimas são geralmente aquelas com problemas de auto-estima. Quando dão início a subida da escada do êxito começam a sentir-se importantes. Afinal passam a pregar numa célula em curto espaço de tempo tornando-se líderes, sendo honrados por seus seguidores.

O alvo é a formação de líderes todavia a bíblia diz que o Corpo de Cristo é formado por uma grande diversidade de dons, sendo assim todos tem de ser líder de célula?? Há uma supervalorização dos líderes, onde se tem a impressão de que se você não é líder é um crente inferior e até inútil. Aqueles que por alguma razão não desejarem ser líderes serão fatalmente excluídos tendo em vista que muitas programações são feitas apenas para líderes. Isto tudo é totalmente anti-bíblico. Cabe lembrar que o foco maior está nos incrédulos, ou seja, naqueles que jamais se converteram. Temem a membralizar crentes desviados de outras igrejas, pois estes ao “entrarem de coração na visão” tendem a dar início aos questionamentos. O modelo perfeito é o do crente formatado na visão.

Metas: A igreja tem adquirido uma mentalidade empresarial e organizacional onde todos precisam gerar resultados, caso contrário tornam-se insubstituíveis. Precisam trabalhar e atingir metas mesmo que estejam exaustos espiritualmente. E os líderes que deveriam ser alicerces e ajudadores, tornaram-se muitas vezes arbitrários e desalmados porque não conseguem ver as necessidades das pessoas, apenas vêm as metas e alvos.

Alguns parecem tratores: passam por cima de pessoas para atingir metas. Ao mesmo tempo essas pessoas que fazem parte da igreja tornam-se individualistas e competem entre si para mostrar seus resultados para o "líder" e provar que são melhores e merecedoras de uma "promoção".

Alguns chegam ao ponto de difamarem seus "concorrentes" para tirá-los da jogada. Não importa se seremos reconhecidos por isso. É preferível ser o samaritano que curou o corpo de um homem mutilado com azeite e vinho e pagou o preço por isso e que ninguém saberá o nome, a ser o conhecido "fulano de tal" que faz barulho e não tem frutos.

As “metas” estabelecidas pelos líderes têm transformado os crentes, em verdadeiros gladiadores, que cometem atrocidades para “crescerem” sem chegarem aos ideais prometidos por eles. As técnicas modernas de crescimento instantâneo se proliferam nas igrejas, cada uma com uma proposta e com um argumento, aparentemente, mais convincente que o outro. Para isto, utilizam-se de todos os meios disponíveis para que seus objetivos pessoais ou organizacionais sejam alcançados.

Brigas e Rompimentos: Em março de 2005, Castellanos revelou aos seus seguidores que, a partir daquele momento, ia querer receber um determinado valor das igrejas que usassem a marca G-12. Por isso é comum hoje encontrarmos igrejas que não mais usam o termo G-12, mas continuam aplicando os mesmos ensinamentos, ou melhor, distorções doutrinárias aprendidas enquanto seguiam o colombiano. Hoje, é natural ouvir falar em M12, Visão Celular, Igreja em Células, que se utilizam dos mesmos ensinamentos originais do G-12.

No final de março de 2005, o então Apóstolo René Terra Nova que era um dos doze do pastor colombiano Cesar Castelhano, saiu da sua cobertura por motivo de poder, desligou do G-12, e adotou para si e sua igreja uma nova nomenclatura – Visão Celular (Movimento Celular, M12). Ele pediu para as igrejas jogarem fora todas as apostilas e livros do pastor Cesar Castelhanos. Lançou o Resgatão, ou seja, um tipo de encontro onde resgata tudo aquilo que o inimigo tomou, inclusive resgatar do G12 para o M12. Acreditem, agora o G12 é seu inimigo, palavra do próprio apostolo quando do Resgatão no Japão.

No Brasil, outras duas lideranças significativas, o bispo Robson Rodovalho, fundador da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, e a apóstola Valnice Milhomens, da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, também abraçaram a visão celular.

Visão que aliena: as pessoas envolvidas com a visão são alienadas, deixam de cuidar de suas vidas, deixam de conhecer a palavra de Deus na sua essência e vivem apenas das pregações e doutrinas dos líderes, em razão de viverem em função de uma agenda lotada de compromissos e reuniões.

É comum não terem tempo pra assistir jornais e ver TV. Algumas pessoas tomam conhecimento de notícias apenas meses depois. Exercer um mínimo de razão é condição fundamental para libertação do homem das amarras que o prendem, sobretudo da dominação e tirania religiosa. É pela razão que o homem se liberta do mundo dos medos, das superstições, das punições, conduzindo-se ao domínio de si.

Depoimentos de vitimas da visão celular:

“Em 2000 comecei a frequentar uma igreja bem conceituada em minha cidade. A igreja crescia, e estava com 150 membros. Respeitável número para uma obra que tinha apenas 3 anos. Após a adoção do G12 apenas 23 membros restaram. Não faço parte dos 23 que ficaram por motivos óbvios, e o mais triste é que boa parte dos que saíram nunca mais buscaram outra igreja. Tais pessoas eram, em sua maioria, novatos na Fé , sem nenhuma referência anterior de como deve proceder uma igreja protestante. me perdoe mas vou falar a real : O G12 é uma fábrica de fanáticos e isso os líderes do terror islâmico já fazem com competência. Portanto não precisamos do G12. Obediência cega ao pastor ??? - Não, obrigado. Cansei de ver abusos emocionais e até famílias destruídas por causa dos métodos do G12, que não têm nada de espiritual e sim de condicionamento emocional proporcionado pelos "encontros", que aliás foi uma das experiências mais tristes que já tive na vida.

Vi uma igreja desmoronar por conta das "confissões de pecados" que os pobres membros faziam aos seus líderes. Os líderes ouviam as confissões e saíam por aí contando tudo o que ouviam. Por Deus, a Igreja de Cristo não pode se transformar em um covil de fofoqueiros !!! - As pessoas que foram "confessar" o fizeram inocentemente e com o coração aberto. Imagine qual foi a decepção destas pessoas ao serem vítimas dos amados "pastores". Aliás, isso não aconteceu apenas na igreja que citei.

“Estou destruída por causa dessa visão... não sei nem mais em quê acreditar... Estou me sentindo enganada, usada... Fui da igreja XXX... hoje já não me considero mais, apesar dos líderes me ligarem direto... era 12 direto de pastor... eu obedecia, fiz o que pude e o que não pude, mas pra eles nunca estavam bom... sempre queriam mais... tinha metas pra levar para igreja... teve até um congresso em que minha meta era levar 10 pessoas, como levei 9 tive que pagar a uma que não levei... nos encontros tinha metas também... se não batesse a meta, pagava!PAGAVA... PAGAVA... PAGAVA...Minha vida, minha conta bancária, minha família está destruída...”

“O G12 foi criado para formar cabos eleitorais localizados, para angariar de votos para representantes da igreja ou pessoas que vão receber o apoio da igreja. A visão do G12 é completamente política e eleitoreira, foi criado para isso”.