quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cristianismo Light

"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontram" (Mateus 7.13-14)

Há um grande equívoco no conhecido "cristianismo light" e um imenso perigo para os seus adeptos. Os pseudo-resultados desta prática tão comum hoje em dia, certamente não pagam o custo elevadíssimo que tal desvio vai custar no dia do juízo do Senhor.

Tomara que alguns adeptos deste cristianismo falso, estejam lendo estas palavras de alerta e sejam instigados na sua forma de pensar, e sejam assim, conduzidos à Palavra de Deus, inerrante e inequívoca, "para ver se as coisas" são "de fato assim" (Atos 17.11). Mas o que é o "cristianismo light"? Em que resultam e quais são as suas conseqüências? Vale realmente a pena sermos fiéis a Deus e a sua Palavra?

DEFINIÇÃO

Hoje em dia, existe um tipo de cristianismo "evangélico", que para atingir muitos adepto$ e tornar-se muito popular, adota o que se chama de filosofia da igreja "aconchegante". Mas o que é uma igreja aconchegante? É aquela cujo alvo principal é converter-se em uma igreja bastante agradável e receptiva às pessoas em geral, não importando o que se tenha de fazer para tal. É a idéia antiga de "os fins justificam os meios". Baseado nisto, as mudanças são profundas,tanto na visão teológica de Deus e de Sua Palavra, quanto no funcionamento da organização e até mesmo na arquitetura dos templos. Tal fato pode ser facilmente comprovado. Observe que em relação à arquitetura de muitas "igrejas" já não se usam os tradicionais bancos de madeira; em seu lugar são colocadas confortáveis poltronas, os púlpitos deram lugar aos palcos e o pior, os cultos a Deus se transformaram em shows de entretenimento... É claro que nada há de errado, em si mesmo, quando se pode oferecer mais conforto aos nossos irmãos (com ar condicionado, melhores acentos, melhor som (sem o excesso e decibéis, é claro), etc.) e se ter uma igreja viva e que verdadeiramente adore ao Eterno. O erro advém do uso indevido desses atributos.

A TEOLOGIA DO CRISTIANISMO LIGHT

Em relação à teologia, esse "cristianismo light" desenvolveu uma série de doutrinas que visam a remover os incômodos e as exigências do verdadeiro cristianismo. As "novas" doutrinas são muito populares e amplamente recebidas por seus novos adepto$. No que diz respeito aos cristãos maduros, estes também têm absorvido muitas dessas influências negativas (abrindo um parêntese e falando baixinho, lamentavelmente até alguns dos antigos pastores têm se rendido a essa $edução). A verdade é que as "novas" doutrinas favorecem a aversão natural que o homem demonstra para com o negar-se a si mesmo, porque ameniza esta aversão na medida em que pratica um tipo de "culto" centrado nos sentimentos, nas emoções. A ênfase é satisfazer os seus adepto$ numa espécie de "culto" do prazer acompanhado de todo tipo de soluções "miraculosas" (mágicas). Nessa perspectiva, acredita-se na ilusão de que esse tipo de cristianismo é autêntico porque os templos se enchem rapidamente, e como conseqüência direta os recursos financeiros se tornam fartos facilmente. Em outras palavras, está aqui a explicação porque a maioria das orações e canticos, no "cristianismo light", são meios de auto-reconciliação e auto-aceitação. O resultado final é a sensação de se ir para casa "descarregado" e se sentindo bem, contudo, infelizmente, sem se ter verdadeiramente adorado o Eterno.

JESUS E O CRISTIANISMO LIGHT

Todavia, Nosso Senhor Jesus nos advertiu sobre isso, Por um lado, Ele mostra que o verdadeiro cristianismo seria difícil e impopular, veja: "porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontram". É estreita por só ter uma mensagem, só se pode adorar um Único Deus, o Senhor, o Eterno Yahweh, não há espaço para adorar a si mesmo nem a líderes. Por outro lado, a imitação do cristianismo, o "cristianismo light", seria fácil e muito popular "porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho". O problema é que esse caminho fácil conduz à perdição, e muitos são os que entram por ele". Há 40 anos Clyde Reid escreveu uma análise dolorosa e incisiva de como as atividades modernas nas igrejas parecem estar estruturadas para favorecer ao distanciamento de Deus. Ele disse "estruturamos nossas igrejas e as mantemos a fim de nos resguardar de Deus e nos proteger da verdadeira experiência religiosa", de transformar vidas em seguidores de Cristo. Observo que neste ponto a igreja sempre deverá ser uma escola de vida. Mas a maioria esmagadora das igrejas que adotaram o "cristianismo light" não tem EBDs (Escolas Bíblicas Dominicais), não tem ensino da Palavra de Deus nos púlpitos. Em suma, o povo não é alimentado com a Palavra de Deus. É "onda light" chegando na alimentação espiritual...

A CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO NO CRISTIANISMO LIGHT

Ao lado de muitas outras observações sobre a vida na igreja aconchegante, Reid afirma: "hoje os membros adultos de igrejas raramente levantam sérias questões doutrinárias por medo de revelar as suas dúvidas ou ser tidos como esquisitos. Há nas igrejas uma tácita conspiração do silêncio acerca dos pilares doutrinários. As poucas vozes que se levantam são rechaçadas e banidas como se fossem do inimigo, enquanto os verdadeiros inimigos posam de "santos homens e mulheres de deus"... Vale aqui citar que, lamentavelmente, essa conspiração do silêncio já atinge nossas igrejas há muito tempo e também denominações acima de qualquer suspeita. Outro aspecto, nos cultos a "servidão da vista" surge travestida na tentativa de "motivar" as pessoas a seguinte pergunta: "Não foi um culto excelente"?, costuma-se dizer. Mas o que realmente se quer dizer com essa pergunta? Será que pensamos mesmo no que Deus achou do culto? Qual a relação entre o conceito divino e o conceito humano de um culto excelente? É necessário sermos muito cuidadosos a esse respeito, senão a regra "em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa" poderá se aplicar a nós. Imagine-se um pastor de uma igreja assim. Se Deus na verdade nada fizesse no culto de sua igreja, ou em resposta ao seu trabalho no ministério, que importância teria o fato de os freqüentapores pensarem e falarem bem das mensagens e dos canticos e ainda voltassem para o próximo culto trazendo seus amigos? Você certamente seria tentado a pensar que tem de atrair as pessoas para que o ouçam, sem se preocupar com Deus. Será que isso às vezes não acontece conosco? A esse respeito as palavras do Senhor ao profeta Ezequiel assombram ainda hoje qualquer líder de igreja: ""Eles vêm a ti, como povo costuma vir, e se assentam diante de ti como fosse meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as pôem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, quem tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra" (Ez33.312-32). O mais lamentável, hoje, é que essa palavra do profeta Ezequiel na questão do lucro, se aplica muito mais aos líderes do que aos adepto$ do "cristianismo light".

CONCLUSÃO

O primeiro e maior mandamento, ratificado por nosso Senhor Jesus, é amar a Deus acima de todas as coisas. Isso indica que em tudo o que se refere a nós Deus deve ocupar o primeiro lugar, mas em se tratando de igreja cristã essa orde é ainda mais indispensável e preponderante. Seja qual for a nossa posição na vida e na igreja, se queremos que a nossa vida e as nossas obras pertençam ao Reino de Deus, não devemos ter como meta primeira e nem mesmo meta importante a aprovação das pessoas. E muito menos, ainda, o nosso próprio intere$$e. Devemos nos manter fiéis a Deus e a Sua santa Palavra, a Bíblia. E com amor deixarmos as pessoas pensarem o que quiserem, mesmo que achem que somos retrógrados ou atrasados. Entretanto, devemos tentar ajudar os nossos irmãos a nos compreender e apreciar o valor da fidelidade ao Novo Testamento. O valor em ser um verdadeiro seguidor de Cristo, capaz de negar-se a si mesmo por amor a Cristo. Podemos fazer disso um ato de amor. Mas seja como for, como pastores, só se pode servir a igreja de Deus servindo primeiramente ao Senhor da Igreja e, conseqüentemente, sendo submisso à Sua santa Palavra. Que o Senhor da Igreja nos conceda essa graça. Amém.

Adaptação do artigo do pr. Wilson Franklim, Doutorando em Teologia e pastor assistente da PIB Vila da Penha - RJ