quinta-feira, 23 de julho de 2009

Hakani, enterrada viva, a história de uma sobrevivente

Ela foi enterrada viva porque seu povo achava que ela não tinha alma. Foi desenterrada por seu irmão no último momento. Depois disso, foi obrigada a viver banida de sua tribo por três longos anos até que a enfermidade e a rejeição a levaram mais uma vez para à beira da morte…Esta é a história de Hakani que sofreu, com a cultura do infanticídio praticado em aldeias indígenas do Brasil. Das 200 etnias no país, 20 delas levam à morte crianças com deficiência física, gêmeos e filhos de mães solteiras. Hakani, que sofria de hipotireoidismo congênito e em razão disso chegou a ser enterrada viva na aldeia Suruwahá, semi-isolada no sul da Amazônia, mas foi salva pelo irmão e entregue ao casal de missionários Márcia e Edson Suzuki, pais adotivos da menina. Na época Hakani com 5 anos, pesava 7 quilos e tinha 69 centímetros de comprimento. Nem sequer falava e andava. Hoje aos 12 anos, ela vive em Brasília e está na terceira série do ensino fundamental. A menina pratica natação e faz aulas de inglês, além disso, Hakani faz terapia para entender e aceitar melhor a sua história.
O casal de missionários Edson e Márcia Suzuki, ligado à agência Missionária Jovens com Uma Missão (Jocum), desenvolvem há anos um trabalho de cunho social e lingüístico entre os suruwahá. Foram processados pelo Ministério Público Federal, com o beneplácito da Funai, sob acusação de “crime contra a cultura indígena”.
As cenas são fortes, se conseguir, assista o vídeo:





Hakani está ganhando o mundo. A sua história, apesar do horrores do infanticídio se transformou num lindo filme. O documentário mostra com sensibilidade uma cultura que se perpétua por falta de opção, mas que é possível mudar esta história. Durante as gravações do documentário, produzido pelo norte-americano David Cunningham, Hakani pode reencontrar o seu irmão, que a salvou da morte. Como disse, Marcelo Abreu, do jornal Correio Braziliense, "Aquele encontro trouxe, enfim a libertação de Hakani".
O filme de 36 min de duração, conta a história da menina e os horrores do infanticído. O documentário foi lançado no início de Maio, em Washington (USA). Hakani participou da estréia e não ficou nem um pouco tímida para falar a língua inglesa, "This is my film", dizia a indiazinha.
O filme, que pode ser visto na íntegra na internet (www.hakani.org), tem sido usado como ferramenta por grupos que combatem práticas culturais que atentem contra a vida, como prevê um projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional.
Foto tirada durante as gravações da reportagem sobre o documentário "Hakani"

Fonte: Arthemisa Gadelha/ www.hakani.org