terça-feira, 23 de junho de 2009

Cuidado com o Ativismo Espiritual


O ativista é aquele que privilegia a ação. Assim, dentro ou fora do meio cristão, ele só se sente realizado quando está fazendo alguma coisa. Quando as pessoas estão no ativismo dentro da igreja isso não quer dizer apenas que estejam com excesso de trabalho, mas com uma sobrecarga de compromissos humanamente impossíveis de serem realizados. O resultado disso são pessoas fazendo as coisas de coração contrariado, murmurando, reclamando e pior ainda para aparecer, agradar a autoridade, cumprir a lei e até para a autopromoção. Outro lado desse ativismo é a incoerência entre o que se diz e o que se faz. Leva-se uma vida dupla, numa “personalidade dupla” e isso é desgaste de energia e fonte de fadiga. Quem sofre o mal do ativismo, pode até não trabalhar muito, mas não ora, não estuda a Palavra, não descansa, porque o trabalho virou escapismo, fuga de problemas não resolvidos. Ocorre o círculo-vicioso: enche-se de tarefas e não se tem tempo para o cultivo espiritual e humano. O ativista esquece que o valor e grandeza da vida não está naquilo que se faz, mas naquilo que se é. Quem faz muitas obras para o Senhor e acaba esquecendo o próprio Senhor por causa das muitas obras, está equivocado. Quem se apega às obras, espera elogios, gratificações e resultados e geralmente não sabe dar seu lugar a outros. O ativismo é resultado do perfeccionismo. É próprio do perfeccionista ter a tendência a ficar insatisfeito e incomodado com o que faz. Sob o comando do ativismo a função vira profissionalismo, a gratuidade é substituída pela gratificação. O povo procura o líder e encontra um profissional. Os efeitos do ativismo são muito negativos: irritabilidade, desgaste, esgotamento, isolamento, doenças, queima-se as pessoas com facilidade e freqüência. O ativismo é alimentado por determinadas afeições: desejo de aparecer, competição, rendimento, sucesso. O ativista peca pela pressa, vive sob a pressão do tempo e sob a sensação de urgência que é a “tirania do urgente”. Sobrecarrega-se de responsabilidades, ambição do sucesso, fazendo do ativismo uma patologia. O remédio e cura são: oração, lazer, amizades boas, mudar o estilo competitivo, perfeccionista e apressado, observar o 5° mandamento e o convite de Jesus: “Vinde à parte para um lugar deserto e descansai” (Mc 6,31). O ativismo é uma patologia de nossa cultura, é uma espécie de narcisismo, ou seja, exaltação de si para obter atenção, afeto e valorização de si. Privilegia-se o fazer e o ter em detrimento do ser. O acúmulo de trabalho é uma espécie de narcótico que leva à fuga e prejuízo de outros valores. O ativista é um fugitivo de si e um desertor de Deus. O que o ativista constrói com uma mão, destrói com a outra. Numa sociedade competitiva e consumista o ativismo é uma doença cultural que se manifesta no infarto, agressividade, depressão, stress e falta de tempo, de meditação, de silêncio e de escuta. É um comportamento contra a vida.